Crônica | Tudo o que não é dito

Conhecemos bem a eloquência do silêncio. A cara carrancuda de nossos pais, antes mesmo que qualquer palavra seja dita, já revelava bem o tamanho da encrenca em que tínhamos nos metido. O olhar de mágoa de um amigo nos faz sentir mais culpa do que mil recriminações. A perplexidade frente a uma perda, a incredulidade quando algo inesperado e indesejado acontece. Ou o olhar brilhante que transborda amor, iluminado por lágrimas de alegria, o sorriso aberto no abraço do reencontro, o beijo recheado de saudades, enfim, tem momentos que as palavras não tem o mesmo poder de transmitir um sentimento como o nosso corpo. Contudo, isso não é só para momentos extremos de alegria, tristeza ou rancor.
O tempo todo nosso corpo está comunicando mensagens sobre como nos sentimos e como nos consideramos. Antes mesmo de um simples cumprimentos, as pessoas já estarão fazendo uma avaliação de quem aparentamos ser. Claro que essa avaliação pode mudar muito com a convivência e um conhecimento mais profundo, contudo, nem sempre contamos com essa vantagem para fazer emergir nossas melhores qualidades. [...]
O que expressamos tem muito mais impacto e promove mais reações do que o que falamos. Contudo, se nossa fala está em coerência com a imagem que projetamos podemos parecer assustadores, autoritários, entusiastas, amorosos, afetivos, sinceros, enfim, podemos transmitir qualquer tipo de emoção e resposta das pessoas à nossa volta.
Por vezes, não sabemos com exatidão que imagem projetamos, contudo podemos avaliar como somos percebidos pelas reações que provocamos.
Não temos nenhum controle sobre a percepção do outro, mas somos inteiramente responsáveis pela forma como nos expressamos. [...]
O surpreendente mesmo é quando somos capazes de expressar valores profundos como educação, tolerância, compreensão, bondade e generosidade no cuidado com o outro, mesmo quando nossa imagem não é propriamente a de um monge ou religiosa, de quem mais esperamos esses comportamentos.
Tudo o que somos, constitui-se na mensagem que espalhamos. Somos mais do que a imagem que projetamos, contudo essa imagem também constitui nosso diálogo com a realidade e talvez seja o tempo de falar a linguagem mais universal, a gentileza geral e irrestrita. Reflita sobre isso. Surte!

(Crônica retirada do jornal Correio do Povo - By: Dulce Magalhães)

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4 comentários:

  1. Ei Ta!!
    Adorei o tipo de post! Me diz que é uma nova coluna! Rsrsrs
    Isso de expressões e impactos realmente mexe comigo, e de um jeito bem íntimo, sabe?! Adoreei =)
    Tem resenha nova no blog tb! Comenta?
    http://www.livroserabiscos.com/2012/07/babi-dewet-sabado-noite.html
    Wowops felizes, crazycat!

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  2. Hey! Nossa, super legal o texto e incrível seu blog! Parabéns! Já estou seguindo, óbvio! hUAHSuHsuAHSu
    Já escrevi sobre isso no meu blog pessoal, acho que o silêncio é algo intrigante, super interessante ;D Curti o texto.

    Beijo Beijo
    e boa semana ;D

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  3. Que demais esse texto, gostei, muito bacana ;)
    Beijinhos
    Renata
    http://escutaessa.blogspot.com.br
    http://www.facebook.com/BlogEscutaEssa
    @blogescutaessa

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  4. Sou apaixonada por crônicas e esta, por si só, é maravilhosa! Amei! Beijos!

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